O Palácio de Belém, com a sua elegante fachada cor-de-rosa, ergue-se sereno junto ao Tejo. Desde 1911, é a residência oficial do Presidente da República Portuguesa. Mas muito antes de albergar chefes de Estado, este palácio viveu outras histórias — algumas públicas, outras sussurradas entre paredes antigas.

Diz-se, há muitos anos, que um fantasma vagueia pelos corredores do palácio, especialmente durante as noites mais silenciosas. A história remonta ao século XVIII, quando o palácio era conhecido como o Palácio dos Reis e servia de residência a membros da nobreza.

Conta-se que, durante o reinado de D. João V, uma dama de companhia terá morrido misteriosamente numa das salas mais recônditas do palácio. Uns dizem que foi traição amorosa, outros falam de ciúmes de corte. A verdade é que o seu corpo nunca foi encontrado, e a sua alma, segundo a lenda, nunca encontrou descanso.

Desde então, funcionários e guardas noturnos relatam episódios estranhos: passos que ecoam em corredores vazios, portas que se fecham sozinhas, luzes que tremeluzem, e — o mais perturbador — a silhueta de uma mulher vestida de negro, sempre junto às janelas viradas para o Tejo, como se esperasse por alguém… ou por justiça.

Ao longo dos anos, vários presidentes e funcionários relataram sentir uma presença inexplicável no palácio, sobretudo na ala mais antiga, perto da capela. Nenhum deles confirmou oficialmente, claro — a política e o sobrenatural raramente se misturam — mas as histórias continuam a circular discretamente.

Hoje em dia, poucos falam do assunto abertamente. Mas quem visita o palácio em visitas guiadas ou cerimónias oficiais talvez repare na atmosfera especial, nos ecos do passado que ali se fazem sentir.
E quem sabe… talvez, numa noite de lua cheia, se possa vislumbrar a dama do palácio, ainda à espera, ainda entre mundos.