Conta-se que, nos tempos da ocupação moura da Península Ibérica, o castelo de Almourol era habitado por um governador mouro que ali vivia com a sua filha, uma jovem de rara beleza e espírito nobre.
Certo dia, durante os conflitos entre mouros e cristãos, um cavaleiro templário foi capturado pelas forças muçulmanas e feito prisioneiro no castelo. A filha do governador, movida pela compaixão — e depois, pelo amor — tratou dele em segredo, cuidando das suas feridas e ajudando-o a recuperar-se.
Com o passar do tempo, os dois apaixonaram-se profundamente. Contudo, o seu amor era proibido: ele era cristão e ela moura, e os tempos eram de guerra e intolerância religiosa. Quando o pai da jovem descobriu o romance, ficou furioso com a traição e condenou o cavaleiro à morte. A jovem, desesperada, implorou por misericórdia, mas em vão.
No dia da execução, reza a lenda que a jovem atirou-se às águas do Tejo, preferindo a morte a viver sem o seu amado. O cavaleiro, ao vê-la morrer, conseguiu libertar-se e seguiu-lhe o destino, lançando-se também ao rio. Diz-se que os seus corpos nunca foram encontrados.
Desde então, dizem os locais, em noites de lua cheia, podem ver-se duas figuras fantasmagóricas a passear pelas muralhas do castelo — um cavaleiro e uma donzela, ainda presos ao mundo dos vivos pelo amor que nunca se consumou.
Embora seja apenas uma lenda, esta história dá ao Castelo de Almourol uma aura de romantismo e mistério. O local, isolado no meio do rio, com as suas muralhas medievais e atmosfera solene, é o cenário perfeito para alimentar o imaginário popular.
Se visitar o castelo ao pôr-do-sol, pode ser que sinta esse arrepio especial… quem sabe se os amantes não estarão mesmo por lá, entre as pedras antigas e os ecos do Tejo?